Livro “A Patrulha da Linha Púrpura”, a verdadeira face da Índia

14 Setembro, 2020

Nunca fui à Índia, mas é impossível não ter ouvido falar do Taj Mahal, das tão aclamadas chamuças ou dos bonitos sáris que servem de veste para tantas mulheres. Mas infelizmente, não é isto que é a Índia. A índia veste-se de pobreza, de crime, de tráfico de crianças. Estima-se que todos os dias 180 crianças desaparecem na Índia. O motivo? São tantos… Escravatura, tráfico de órgãos, prostituição, pornografia infantil. E acho honestamente que só uma escritora indiana seria capaz de trazer até nós esta parte da Índia que tantos se recusam a ver.  Esta Índia feita de bairros de lata, não romantizada por uma visão turística e cega daquilo que é de facto a realidade.

Também neste bairro de lata indiano que nos é apresentado no livro, várias crianças desaparecem. Mas é um acontecimento tão banal pela Índia que a polícia nada faz. É assim que três amigos, inspirados pelas séries de detetives que viam na televisão, decidem fazer a sua própria investigação e partir à procura dos amigos.

É um livro muito bem escrito, narrado por uma das crianças o que lhe dá uma perspetiva inocente e bonita de um mundo que consegue ser tão feio.

No início a história tinha uma componente mais descritiva (mas que também era necessária para entrarmos num ambiente tão diferente do nosso), e consequentemente, demorou a “desenrolar-se”. Acho que foi a principal razão para não me ter prendido logo desde o começo. Mas considero um livro acima de tudo necessário para todos, mas com especial enfoque aos que gostam de viajar e aos que um dia gostariam de ir à Índia. Porque a Índia é muito mais do que o que se vê nos lugares turísticos onde tendemos a ir. E se queremos ser viajantes conscientes também nós devemos evitar cegar face a uma realidade tão presente à nossa frente.

Partilha do site: Entre Agulhas e Bisturis.

Padrão