“A Cidade das Mulheres”, um livro no feminino

ENTRE PÁGINAS

17 Julho, 202

A Cidade das Mulheres” era talvez o livro mais aguardado do ano (pelo menos para mim). A Elizabeth Gilbert foi a autora do livro “Comer, Orar e Amar” que se tornou um bestseller em vários países do mundo e deu depois origem a um filme com tanto sucesso como o livro. A questão é que depois de qualquer escritor lançar um livro com tanto sucesso, pode-se tornar difícil corresponder às expectativas dos seus leitores. Porque quando fazemos algo MUITO bom, as pessoas passarão a esperar de nós nada menos que MUITO bom, certo?

Ora, acontece que “A Cidade das Mulheres” é nada mais, nada menos do que um livro MUITO bom. Digo até mais, é um livro extraordinário. É um livro que não podia ser mais completo, desde a história, à descrição de cada pessoa, cada roupa, cada lugar, que não se tornando exaustivo nos remete precisamente para cada cenário.

Este é um livro que aborda a sexualidade no feminino, sem tabus ou preconceitos. Aborda a amizade entre mulheres e deita abaixo o estereótipo de que as mulheres não sabem ser amigas. Foi um livro que graças à escrita incrível da Elizabeth, tão leve e tão fluída me fez rir à gargalhada em vários momentos hilariantes. É um livro de mulheres, para mulheres, que devia ser leitura obrigatória para todas.

A Cidade das Mulheres” passa-se em Nova Iorque, nos anos 40, no período pré, durante e pós guerra. Mas não pensem que este livro será um dos típicos livros que já todos lemos sobre a Segunda Guerra Mundial. Está muito longe de o ser.

Conta a história de Vivian que após ser expulsa da universidade é mandada pelos pais para Nova Iorque, para viver com a sua tia Peg. A sua tia gere um teatro decadente e a necessitar de remendos e mais remendos e uma força extraordinária para se manter de pé. Falamos do Lily Playhouse. Mas é naquele teatro velho que Vivian descobre o significado da palavra “Casa” e percebe que nem todas as famílias são de sangue. É naquele teatro velho que Vivian se descobre como mulher. Como adulta. Que percebe o peso das nossas ações e aprende com as consequências. A guerra também acaba por se fazer sentir em Nova Iorque, mas não foi por isso que Vivian deixou de viver a noite até à última gota ou cada bar até ao último rapaz. Vivian não era a mulher socialmente correta que se esperava que as mulheres fossem na década de 40 (ou que, verdade seja dita, ainda se espera que sejam). Vivian estava a descobrir-se.

É muito raro um livro fazer-me sentir assim, mas a Elizabeth conseguiu fazer-me conhecer, sentir e gostar de cada personagem, de cada uma delas. E tornou-as tão, tão completas. Até aquelas que apareciam mais fugazmente.

Que livro incrível! É tudo o que posso dizer!

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