Nesta breve obra de Yasunari Kawabata, a cerimónia do chá serve como pano de fundo a todas as sequências narrativas. A chanoyu – maneira estilizada de preparar chá com água aquecida num braseiro de carvão (nota da edição, p.9) – concentra muita atenção nos pormenores, desde os recipientes usados para a água, a concha, as tigelas, aos gestos utilizados. Em toda a cerimónia há uma ideia de delicadeza e sensibilidade que se estendem à escrita de Kawabata. Dessa forma, uma história que envolve um jovem, duas amantes do seu falecido pai, a filha de uma destas mulheres e uma aprendiz da outra, consegue ser mais emocional que física. Os espaços e as acções são apenas meios para atingir o que mais parece interessar ao autor, os sentimentos. Da relação entre as cinco personagens já referidas surgirá este Mil grous.
A ave que dá nome a este livro, o…
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